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O Eixo de Competência Entrega

Foto do escritor: Renê RuggeriRenê Ruggeri

A implantação do empreendimento ocorre ao longo dos Eixos de Competência da Engenharia Integral cujos trabalhos são desempenhados com foco no negócio associado ao empreendimento. Todos os eixos têm o sentido de visão da implantação para o negócio, exceto um: o Eixo de Competência da Entrega.



Neste eixo, a perspectiva é do empreendedor. A equipe observa e analisa a implantação com os olhos do empreendedor, garantindo que tudo ocorra para atender aos requisitos do negócio. O sentido da visão é da operação do negócio para a implantação. O trabalho neste eixo pode ser percebido como uma espécie de fiscalização (ainda que interna), gestão da qualidade, ou auditoria. O fato é que neste eixo se faz a análise crítica do desempenho da implantação frente ao que se espera que ela entregue.


No que se refere aos trabalhos de Projeto do Produto, o eixo da Entrega efetua, por exemplo, a verificação das soluções e documentos, tendo por referências os requisitos definidos inicialmente. Aliás, a própria gestão dos requisitos é um importante trabalho neste eixo.



Os requisitos podem ser classificados ou divididos em várias categorias: requisitos do negócio, requisitos funcionais e requisitos normativos são exemplos destas categorias. Podem ainda ser classificados conforme a parte interessada no empreendimento que o demanda. Assim, temos requisitos do empreendedor, requisitos das equipes técnicas, requisitos de instituições externas, requisitos gerenciais (ou dos gestores), requisitos dos usuários e por aí vai.


É importante mapear estes requisitos o quanto antes para direcionar os trabalhos. A definição deles já gera um bom trabalho por si só e é responsabilidade de toda a equipes, uma vez que requisitos para o empreendimento podem surgir de várias direções diferentes.


Ao longo do processo os requisitos podem sofrer variações, mas o ideal é que estas variações sejam apenas ajustes circunstanciais, pois alterações radicais dos requisitos indicam uma provável indefinição no próprio plano do negócio. Ou seja, requisitos instáveis são indícios de um negócio com planejamento frágil. A robustez do Plano do Negócio é crucial para o sucesso dele e a implantação do empreendimento que atende este negócio segue esta consistência (forte, ou fraca).


É natural que haja uma evolução gradativa na definição dos requisitos, iniciando pelos requisitos do negócio, ou do empreendedor, passando pelos requisitos legais, depois os gerenciais e chegando aos requisitos mais técnicos. Assim, o processo de definição dos requisitos é algo que evolui até um certo ponto do ciclo de vida da implantação, mas tendendo a uma estabilidade que servirá de guia para os trabalhos em todos os eixos.


Perceba que o trabalho no eixo da entrega se preocupa, desde o início da implantação, com o que será recebido pelo empreendedor. Daí se explica o ponto de vista diferenciado das equipes que atuam neste eixo, sendo comum, inclusive, que haja profissionais da equipe do próprio empreendedor envolvidos nestas atividades.


Ao passo que os requisitos amadurecem, as inspeções, verificações e análises vão tomando lugar no dia a dia da implantação. O foco aqui não é a análise do desempenho do processo de implantação (que é mensurado no eixo do Planejamento, ou Processo Produtivo), mas a avaliação sobre os resultados, finais ou intermediários, gerados em todos os eixos. Não é uma visão dinâmica do processo, mas uma visão em retrato de cada resultado, bem ao estilo do controle da qualidade.



Contudo, apesar do foco nestes resultados estáticos que vão se acumulando, subjacente à perspectiva do eixo de competência da Entrega está o processo operacional do negócio. Assim, é quase inevitável que ocorra algum tipo de análise de tendência e até alguma confusão sobre a abrangência do trabalho. Esses ajustes precisam ser feitos caso a caso, conforme a necessidade de cada empreendimento, ou cada negócio.


Uma participação crítica do eixo Entrega, comum em grandes empreendimentos, mas também possível nos pequenos, é a separação, priorização e sequenciamento de áreas de construção a serem entregues. Trata-se do que na indústria é chamada de sequência de partida, ou seja, quais áreas do empreendimento devem ser concluídas e operadas prioritariamente. Isso está entrelaçado com os planos de operação, permitindo que algumas áreas sejam entregues antes de outras, antecipando etapas da operação e, quase sempre, receitas. Pode ser, portanto, que este sequenciamento seja recebido como requisito do empreendedor ou do negócio, pautando a condução da implantação.


Outro ponto de atenção no eixo da Entrega é relativo às garantias do que é aplicado nas obras, sobretudo equipamentos e sistemas. Normalmente as garantias são contabilizadas a partir da aquisição e, como há uma tendência de que as obras se estendam por prazos consideráveis, é preciso planejar bem as aquisições e reunir ao longo da implantação os documentos necessários para acionamento destas garantias durante a operação, caso necessárias.

Fica cada vez mais evidente a integração dos eixos de competência e a interseção do eixo Entrega em todos eles.


Complementarmente, o recebimento final das obras é feito pela equipe do eixo da Entrega que normalmente realiza uma inspeção geral final e efetiva tanto o recebimento técnico da obra quanto administrativo. É claro que, nesse momento, os trabalhos de comissionamento já ocorreram ou é estabelecida uma sequência de recepções parciais até que se complete o empreendimento.



Para que a operação tenha pleno conhecimento da obra que recebe, sua correta operação e adequada manutenção, é recomendável que a equipe de Entrega monitores e até participe da produção dos Manuais de Operação e Manutenção, garantindo que estejam em formato adequado para uso das equipes operacionais.


Por fim, a equipe de Entrega do empreendimento deve participar, ou até mesmo gerenciar, o período de operação assistida, quando os processos operacionais são colocados em marcha e a equipe de obra permanece parcialmente para realizar qualquer ajuste necessário. Assim, garante-se que a operação seja completamente transferida apenas quando estiver em marcha regular de produção.


O eixo de entrega, como verificador do escopo da implantação, é quem coloca a pedra final sobre a implantação, fazendo oficialmente a transição para a fase operacional.


Após a conclusão da implantação, uma pequena equipe pode ser mantida para atender demandas de correções ou ajustes descobertas tardiamente. Conforme o tipo de empreendimento, isto está coberto pela garantia que construtores devem fornecer sobre seus serviços. Mas, em geral, o empreendimento é de complexidade tal que a própria procedência das demandas de acionamento de garantias precise passar por análises técnicas antes de acionar fornecedores. É, normalmente, a equipe de Entrega que efetiva estas análises, tornando-se, aos olhos do empreendedor, o canal de comunicação com seguros e garantias neste período.

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