O terceiro eixo de competência da Engenharia Integral é o Processo Produtivo, que, para facilitar o entendimento, chamaremos aqui de Planejamento. A ideia central neste eixo é de que, enquanto o produto é projetado, é preciso pensar no processo produtivo em todos os seus aspectos, pois os condicionantes deste processo podem induzir soluções diferentes para o produto. Logo, é preciso planejar desde as técnicas construtivas a serem usadas, até os riscos impostos pelo contexto da implantação do empreendimento.
Como organizador de todas as ações, o trabalho neste eixo de competência tem papel fundamental na condução do empreendimento. Como todo planejamento, a percepção sistêmica de todo o processo é fundamental. As decisões tomadas neste eixo condicionam as decisões tomadas nos demais. Percebe-se, então, a centralidade deste tema em todo o processo de implantação de um empreendimento.

As variáveis e possibilidade técnicas e gerenciais neste processo costumam ser tão diversificadas, que é preciso traçar uma boa estratégia de implantação. Isto não é uma escolha aleatória, mas uma seleção criteriosa entre as alternativas mais promissoras.

Uma alternativa promissora é aquela que assegura maior probabilidade de sucesso à implantação do empreendimento, ou seja, menor custo de implantação, menor prazo, maior garantia de qualidade, adequação às condições ambientais, atendimento a interesses de partes interessadas, melhores acordos de fornecimento etc. Há muita coisa as ser colocada nesta balança.
Mas uma coisa é certa: é preciso ter uma estratégia que permita estabelecer critérios de julgamento, análise, ou decisão, para as questões e situações que surgirão ao longo do processo. Sem uma estratégia bem pensada, é difícil pensar num ponto de partida e, sobretudo, nas metas intermediárias. Aliás, esta estratégia de implantação condiciona a própria identificação das fases de implantação do empreendimento, ou seja, o ciclo de vida a ser formalizado. Como se sabe no Gerenciamento de Projetos, um ciclo de vida bem estabelecido facilita a condução do processo (um ciclo mal estabelecido, dificulta).
Como os custos da obra são normalmente muito representativos no orçamento global da implantação, o quanto antes for estabelecido um valor referencial, mais balizadas serão as decisões. Inclusive, uma previsão mais apurada pode indicar a viabilidade ou não do empreendimento.
Aqui surge uma questão crítica que afeta praticamente todo empreendimento: a estimativa inicial precisa ser o mais precisa possível. Erros grosseiros na estimativa inicial podem trazer sérios problemas no meio do processo, quando se descobre que as referências iniciais estavam erradas e as decisões foram tomadas em um cenário irreal.
Há uma tendência de que essas previsões iniciais sejam muito otimistas quando não balizadas por índices confiáveis, ou quando deixam de considerar uma série de itens necessários ao escopo da implantação. Repare, então, a exigência de equipe experiente e especializada já nesta etapa inicial.
Baseado neste cenário inicial estabelecido, ainda que de forma aproximada, decisões sobre o produto (edifício) e a metodologia construtiva são tomadas. A cada avanço, ou a cada definição, é possível refinar as previsões de custos, prazos, riscos etc. Rapidamente, o custo que era uma mera estimativa pode ser convertido num orçamento preliminar que, embora ainda inicial, já dá maior clareza para decisões pormenorizadas.

A metodologia executiva do empreendimento, ou seja, as definições de técnicas, sequências, pontos críticos etc. pode ser consolidada, normalmente quando se atinge a etapa de Anteprojeto no Projeto do Produto (repare a estreita integração entre os eixos de competência). Uma vez consolidada a metodologia executiva, custos, prazos, riscos, aquisições e vários outros temas podem ser abordados com segurança, trazendo ao empreendimento uma razoável previsibilidade de cenários futuros.
Cabe aqui a observação de que a Engenharia Integral considera, a rigor, as aquisições num eixo de competência específico: Suprimentos. Trata-se de um tema típico de planejamento e gestão, mas, dada sua criticidade para a construção civil, prefere-se considerá-lo com atenção mais dedicada. Mas, nesta exposição, para simplificação, estamos admitindo como parte do Processo Produtivo, ou Planejamento.
A partir deste momento, com orçamento, cronograma e metodologia executiva bem definidos (e claro, o próprio produto/edifício), pode-se iniciar a mobilização de fornecedores que trarão contribuições importantes para o detalhamento da execução. Ou seja, as aquisições iniciam antes mesmo das obras focadas inicialmente, claro, nos fornecedores críticos de serviços e materiais.

Entre estes fornecedores principais está o executor das obras; a construtora, ou o empreiteiro. Com o apoio dele, o produto é detalhado e o planejamento apurado em nível de programação de serviços (novamente a integração dos eixos). Desta programação derivam as necessidades de materiais, equipamentos e mão de obra ao longo da execução da obra e, consequentemente, cronograma de entregas destes itens no canteiro. Do cronograma de entregas, ou de fornecimento, se refina o planejamento de aquisições em nível de requisições individuais de compras. As mais significativas, podem ser antecipadas e tratadas com maior cuidado, enquanto as secundárias se organizam de modo a manter o nível de trabalho das equipes de compras e execução.

A conexão com o eixo de competência da execução das obras é evidente. Assim, a apropriação de informações sobre a execução e composição de comparações entre o previsto (planejado) e o realizado (executado), permite estabelecer parâmetros de controles sobre a implantação. Estes parâmetros balizam a ação das equipes de gestão.
Algum tempo antes da obra ser concluída, inicia-se o processo de transição para a operação, afinal, é preciso operar regularmente o quanto antes. E a operação regular não é atingida de imediato, há um período de treinamento, ou de integração das equipes operacionais ao edifício.

Neste período, equipes de obra e de operação convivem no que é parte canteiro e parte obra pronta, uma em retirada e outra assumindo seus postos. É um período crítico e fundamental para o sucesso do empreendimento. Aliás, é onde ocorre o que poderíamos chamar de calibração da operação, um processo de ajustes, testes, aferições etc. no intuito de atingir os melhores níveis de desempenho operacional.
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